Esgotamento em minutos e suspeitas de compra automatizada
As vendas online de ingressos para um dos eventos mais disputados da América Latina, o Grande Prêmio de São Paulo, estão novamente no centro de uma polêmica. O esgotamento dos ingressos em questão de minutos, junto com vídeos exibidos em perfis do Instagram mostrando compras massivas, despertou preocupações sobre a segurança e a equidade das vendas online. Os vídeos mostram a aquisição de dezenas de ingressos em sequência, o que levanta suspeitas de que esses ingressos estão sendo comprados para revenda.
O impacto do uso de robôs nas compras
A prática de utilizar robôs para automatizar compras em eventos de alta demanda reacende um debate que se torna cada vez mais difícil de controlar. O Grande Prêmio, que atrai mais de 300 mil pessoas durante o final de semana, intensifica o problema. Apesar das dificuldades em comprovar tecnicamente o uso de bots sem acesso aos registros internos das plataformas de venda, especialistas afirmam que a operação é relativamente simples e já amplamente utilizada em shows, festivais e grandes eventos esportivos.
Um bot é capaz de realizar dezenas, ou até centenas, de tentativas simultâneas de compra, contornando sistemas de espera e preenchendo formulários em frações de segundo. Essa capacidade proporciona uma vantagem desleal sobre o consumidor comum, que se vê prejudicado por essa prática.
Relatos de torcedores e instabilidade nos sites
Na segunda-feira, dia 17, a situação se agravou, reforçando a percepção de que a tecnologia teve um papel crucial na rapidez com que os ingressos se esgotaram. Muitos torcedores relataram instabilidade no site de vendas, com dificuldades para entrar na fila virtual e recebendo mensagens de esgotamento dos ingressos, mesmo antes de finalizarem o processo de pagamento. Outros usuários afirmaram que não conseguiram visualizar setores disponíveis, enquanto relatos de compras automatizadas se espalhavam pelas redes sociais.
Consequências no mercado paralelo
Os efeitos dessa situação começaram a ser observados no mercado paralelo poucas horas após o esgotamento dos ingressos. Anúncios de ingressos começaram a aparecer, com preços multiplicados, chegando a custar até três vezes mais do que o preço original. Essa dinâmica prejudica não apenas os consumidores, mas também cria um ciclo em que aqueles que dominam ferramentas automatizadas lucram, enquanto os verdadeiros fãs da categoria, que a acompanham durante todo o ano, ficam de fora.
Pressão sobre plataformas de venda
A discussão em torno do uso de bots coloca pressão sobre as plataformas de vendas, como a Eventim, que têm a responsabilidade de implementar medidas para mitigar esse tipo de prática. Em outros países, algumas soluções já foram adotadas, incluindo limites rigorosos por CPF, bloqueios de IP, múltiplas camadas de verificação humana e o uso de tecnologias anti-bot com inteligência artificial. No Brasil, no entanto, a competição entre a velocidade da tecnologia e a proteção do consumidor continua a se intensificar a cada grande evento.
Esclarecimentos da Eventim
A reportagem entrou em contato com a Eventim, responsável pela venda dos ingressos do Grande Prêmio de São Paulo, solicitando esclarecimentos sobre os mecanismos implementados para impedir compras automatizadas e qual análise a empresa faz sobre as vendas realizadas na segunda-feira. A matéria será atualizada assim que a empresa fornecer um posicionamento sobre a questão.