A Parceria entre Fórmula 1 e Apple
Um Acordo Crucial
Após meses de especulações, a Fórmula 1 anunciou sua parceria com a Apple para os direitos de transmissão nos Estados Unidos, um movimento que representa uma mudança significativa para a série. Este acordo é considerado crítico para a F1 e sua proprietária, a Liberty Media, uma vez que o crescimento no mercado americano é a principal aposta para o futuro da categoria. Atualmente, a Fórmula 1 possui uma capitalização de mercado de 24 bilhões de dólares, três vezes o valor pago pela Liberty em 2017, e grande parte desse crescimento se deve ao aumento de popularidade nos Estados Unidos. O objetivo deste acordo é elevar as receitas e a valorização da categoria a um novo patamar.
Detalhes do Acordo
O contrato tem duração de cinco anos e é exclusivo. Todos os assinantes da Apple TV terão acesso a todo o conteúdo relacionado à Fórmula 1, incluindo dados, tempos e mapas de pista que atualmente estão disponíveis no F1TV. A partir da próxima temporada, o F1 TV estará disponível nos Estados Unidos apenas para assinantes da Apple TV. O produto já apresenta melhorias significativas após um início conturbado. A F1 conseguiu expandir sua base de clientes pagantes, mas, em comparação com o sucesso de outras áreas do negócio, o número de assinantes ainda é menor do que o esperado. A inclusão do F1 TV na plataforma Apple TV nos Estados Unidos deve proporcionar um impulso significativo. Além disso, este acordo é vantajoso para a Apple, que poderá coletar dados dos consumidores e gerar receitas adicionais.
O conteúdo também será transmitido em espanhol, atendendo à grande população hispanofalante nos Estados Unidos.
Expectativas de Crescimento
Eddy Cue, vice-presidente sênior de serviços da Apple, comentou sobre o prazo de cinco anos, expressando a esperança de que a parceria se prolongue indefinidamente. Ele mencionou a intenção de "fazer o esporte crescer exponencialmente" e insinuou que algumas das inovações que a Apple implementará na Fórmula 1 poderão ser transmitidas globalmente.
Para a Fórmula 1 e as equipes, esse acordo é uma maneira de reconhecer que os públicos atuais, especialmente os fãs mais jovens, consomem conteúdo de diversas maneiras e em diferentes dispositivos. Esta parceria representa a melhor estratégia da F1 para alcançar o maior público possível nos Estados Unidos.
Um Acordo que Estava em Andamento
Um Processo Longo
O fechamento desse acordo foi um processo demorado. A sequência de eventos, como a produção do filme estrelado por Brad Pitt, que levou três anos para ser finalizado e lançado este ano, seguida pela negociação dos direitos de transmissão nos EUA, não é mera coincidência. O timing do anúncio é considerado ideal; qualquer pessoa que assista ao filme e tenha curiosidade sobre a realidade da Fórmula 1 agora encontrará mais facilidade para se conectar com o esporte. A confiança entre as partes é alta, especialmente considerando que o filme da F1 arrecadou 630 milhões de dólares mundialmente, com um desempenho forte nos mercados dos Estados Unidos e da China. A F1 afirma que este é o filme esportivo de maior sucesso já produzido.
Eddy Cue, que é membro do conselho da Ferrari há muitos anos, conheceu o CEO da F1, Stefano Domenicali, durante seu tempo na equipe. Ambos admitiram que já estavam discutindo essa parceria há algum tempo.
Comentários de Líderes do Setor
John Malone, proprietário da Liberty Media, fez referências a este anúncio no início de setembro, durante uma entrevista ao Financial Times, mencionando que grandes empresas de tecnologia "eventualmente farão ofertas superiores por direitos esportivos… sabemos que isso atrai clientes e vende publicidade".
A Evolução da Cobertura Televisiva da F1 nos EUA
A Saída da ESPN
A ESPN é a perdedora nesta nova configuração, pois detinha os direitos de transmissão nos Estados Unidos, investindo em um momento em que a F1 ainda não havia decolado sob a gestão da Liberty Media. A emissora assumiu os direitos anteriormente mantidos pela NBC, que transmitiu a categoria durante os últimos anos da era de Bernie Ecclestone. A cobertura da F1 passou por várias plataformas, algumas mais difíceis de acessar do que outras, e ocasionalmente, uma corrida aparecia na rede principal da NBC, oferecendo acesso gratuito. Antes disso, por muitos anos, a Fórmula 1 só encontrava espaço em canais menores, como a Speedvision.
É menos conhecido que, na década de 1990, a ESPN detinha os direitos da F1 e conseguia cerca de dois milhões de telespectadores para suas transmissões. Naquela época, esse número não era considerado significativo em comparação com as audiências da F1 no Reino Unido, Itália ou Alemanha, nem com o que os grandes esportes americanos, como a NFL ou a NBA, atingiam. Contudo, hoje esse é um número saudável. Sempre houve um apetite por F1 nos Estados Unidos, especialmente nas costas leste e oeste, mas agora a Fórmula 1 conseguiu uma penetração mais profunda, e com a Apple, poderá se tornar ainda mais acessível.
O Mercado Americano é Apenas o Começo
Perspectivas de Expansão
Stefano Domenicali sugeriu que o acordo com a Apple pode se estender além dos Estados Unidos. Ele mencionou a importância de ser "respeitoso com os parceiros existentes", mas também expressou o desejo de identificar oportunidades de crescimento em outros mercados.
A Apple também planeja amplificar a Fórmula 1 através de plataformas como Apple News, Apple Maps, Apple Music, Sports e Fitness+. Algumas corridas e todas as sessões de treino serão disponibilizadas gratuitamente no aplicativo Apple TV. Domenicali descreveu o acordo como "uma grande mudança em nossa abordagem na mídia". Ele ressaltou que a Apple é mais do que uma plataforma, mas sim um movimento social.
Um desafio atual para a Fórmula 1, do ponto de vista da Apple, é que o calendário de corridas nesta época do ano nos Estados Unidos coincide com a temporada da NFL. As corridas em Austin, México, Brasil e Las Vegas ocorrem em finais de semana dominados pelo futebol americano. A corrida em Las Vegas, marcada para o fim de semana que antecede o Dia de Ação de Graças em novembro, será difícil de mover, enquanto as outras também estão agrupadas em torno desse período, complicando a logística de viagem sustentável.